A TV a cabo era para poucos, o streaming virou popular. Mas e a IA? Continua restrita a quem entende de comandos, códigos e jargões técnicos. Onde está a virada de chave?
Nos anos 90, ter uma assinatura da DirecTV era símbolo de status. Poucos podiam pagar. A estrutura era complexa: parabólicas, sinal via satélite, equipamentos caros. Depois vieram as operadoras de telefonia e a TV a cabo popularizou — mas ainda com altos custos. Ao mesmo tempo, as locadoras tentavam inovar: primeiro você precisava rebobinar as fitas, depois nem precisava devolver os discos. O cliente era ouvido. O acesso, facilitado.
E então, a internet virou a chave.
A Netflix ofereceu não apenas um serviço, mas um modelo de acesso contínuo, barato e democrático. Com um clique, o usuário tinha em casa o que antes era privilégio de poucos. Vieram os concorrentes, e quem não inovou, ficou pelo caminho. O público migrou para onde havia facilidade, preço justo e liberdade de escolha.
Na contramão dessa trajetória, a inteligência artificial ainda caminha devagar no quesito inclusão. Ferramentas promissoras, sim — mas para quem já entende de prompt, comando, contexto técnico, API e aprendizado de máquina. Ainda são poucos os exemplos de plataformas que tentam traduzir essa revolução para a linguagem do povo.
O streaming entendeu que era preciso “servir o público”. A IA, até agora, parece interessada em “testar o público”.
A boa notícia é que, historicamente, a tecnologia que vence é a que abraça a simplicidade. A TV em Nuvem, os canais gratuitos internacionais, os apps de vídeo, os acervos digitais acessíveis — tudo isso prova que o futuro pertence a quem sabe entregar, não complicar.
A IA pode seguir esse caminho. Mas vai precisar decidir se quer ser DirecTV... ou Netflix.
Convite para o próximo artigo:
No próximo artigo, vamos explorar o que a inteligência artificial precisa copiar das plataformas de vídeo para realmente chegar ao grande público — sem manuais, sem curso técnico e sem medo.