Neon Mobile se torna viral ao oferecer pagamento por chamadas gravadas, mas levanta sérias preocupações sobre privacidade e ética digital.
Um aplicativo chamado Neon Mobile conquistou neste fim de semana o topo da App Store americana, superando gigantes como ChatGPT e Google Gemini. Seu atrativo é simples e polêmico: pagar aos usuários para que suas ligações telefônicas sejam gravadas e revendidas como dados de treino para modelos de inteligência artificial.
O modelo de negócio chama atenção pelos valores: até 30 centavos de dólar por minuto e um teto de US$ 30 por dia para quem utiliza o serviço. Além disso, o aplicativo remunera também a indicação de novos usuários. Observou a Digital Trends.
Segundo os desenvolvedores, as gravações são anonimizadas e só captadas quando ambos os interlocutores usam o Neon. Isso significa que chamadas feitas para pessoas sem o aplicativo instalado não são registradas.
Apesar da promessa de transparência, especialistas em tecnologia e segurança digital alertam que o fenômeno expõe um dilema cada vez mais comum: quanto vale a privacidade em tempos de IA?.
O caso do Neon revela como a inteligência artificial está penetrando em esferas antes consideradas estritamente pessoais, como a comunicação por voz. Para alguns, trata-se de oportunidade de renda extra; para outros, um alerta vermelho sobre a mercantilização da intimidade.
Pesquisas recentes reforçam essa preocupação. Cientistas identificaram que interações com chatbots como o ChatGPT podem aumentar comportamentos antiéticos, um efeito chamado de “distância moral”. A sensação de que a responsabilidade recai sobre a máquina, e não sobre a pessoa, torna os usuários mais propensos a enganar ou agir de forma agressiva.
Assim, a ascensão meteórica do Neon Mobile não apenas marca uma tendência tecnológica, mas também levanta a questão: até onde a sociedade está disposta a ir para trocar voz por dinheiro?
No próximo conteúdo da TVBR, vamos explorar como modelos de IA estão transformando dados de voz em produtos comerciais, revelando quem são os maiores compradores desse mercado bilionário.