Entre o medo da inteligência artificial e o colapso social, os super-ricos constroem abrigos subterrâneos autossuficientes — e a corrida por segurança pessoal se transforma em símbolo de poder.
O criador do Facebook, Mark Zuckerberg, está construindo um gigantesco complexo subterrâneo na ilha havaiana de Kauai, conhecido como Koolau Ranch. Desde 2014, o projeto se expande silenciosamente — com muros de dois metros de altura, vigilância constante e contratos de confidencialidade que proíbem qualquer menção pública.
Segundo documentos de obras, o terreno de 1.400 acres abriga uma estrutura subterrânea de cerca de 465 metros quadrados, equipada com suprimentos de energia, alimentos e saídas de emergência.
Embora Zuckerberg negue a existência de um “bunker apocalíptico”, afirmando que se trata de “um pequeno abrigo, como um porão”, as evidências crescem: o bilionário também adquiriu 11 casas na Califórnia, e há relatos de novas construções subterrâneas conectadas entre si.
Segundo a BBC, esse movimento vai muito além de Zuckerberg.
Bilionários do Vale do Silício e investidores de tecnologia vêm adquirindo propriedades em regiões remotas, principalmente na Nova Zelândia, e transformando-as em refúgios autossuficientes.
O fenômeno foi descrito pela emissora britânica como “a corrida dos super-ricos pelo apocalipse” — uma nova forma de seguro pessoal diante da instabilidade global.
Muitos desses bunkers, avaliados em dezenas de milhões de dólares, incluem sistemas próprios de energia, comunicação e estocagem de alimentos para anos de sobrevivência.
O cofundador do LinkedIn, Reid Hoffman, admitiu que metade dos bilionários que conhece possui o que ele chama de “seguro contra o apocalipse”.
Esses refúgios privados são vistos como proteção contra ameaças reais ou hipotéticas — desde guerras e pandemias até revoltas sociais ou colapsos da IA.
Alguns magnatas da tecnologia acreditam que a maior ameaça virá justamente daquilo que eles próprios criaram: a inteligência artificial.
O cofundador da OpenAI, Ilya Sutskever, chegou a considerar construir um abrigo para proteger os principais engenheiros da empresa antes do lançamento da AGI — a Inteligência Artificial Geral, capaz de competir com a mente humana.
O CEO da OpenAI, Sam Altman, também já declarou acreditar que a AGI chegará mais cedo do que se imagina, enquanto o fundador da DeepMind, Demis Hassabis, projeta esse avanço para os próximos 5 a 10 anos.
Cientistas de Cambridge e Southampton, porém, afirmam que ainda estamos longe desse ponto: “Precisamos de avanços fundamentais, não apenas de modelos aprimorados”, destacam.
Para alguns visionários, a IA trará uma era de abundância, com renda universal e acesso gratuito a saúde, moradia e transporte.
Para outros, pode significar o início do fim do controle humano sobre as máquinas.
O criador da World Wide Web, Tim Berners-Lee, alerta:
“Se for mais inteligente do que você, é essencial que possa desligá-la.”
Governos também se mobilizam.
Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden exigiu que as empresas de IA compartilhassem relatórios de segurança com o governo — medida parcialmente revogada depois por Donald Trump, que considerou as normas “um freio à inovação”.
No Reino Unido, o Institute for AI Safety investiga riscos potenciais da tecnologia em nível global.
O crescimento dos bunkers entre bilionários não é apenas paranoia — é também um reflexo da era da incerteza.
Enquanto o mundo enfrenta transformações rápidas, crises ambientais e disputas políticas, os super-ricos constroem santuários privados, isolados e autossuficientes, acreditando que ali poderão sobreviver ao caos.
Mas críticos questionam: ao invés de se esconderem, não deveriam investir para evitar o colapso que tanto temem?
No próximo artigo, vamos revelar o que há dentro dos bunkers de luxo modernos: fazendas subterrâneas, criptomoedas offline e salas de comando digital projetadas para resistir ao colapso global.