O Preço da Conexão: A Saúde Mental na Era da Vigilância Digital

Publicado por: Feed News
08/11/2025 14:00:00
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Ilustração Cortesia Editorial Ideia
Ilustração Cortesia Editorial Ideia

As redes sociais foram criadas para conectar pessoas, mas os algoritmos descobriram como prender mentes.

 

Você já percebeu que, ao abrir o celular “só por um minuto”, esse minuto nunca dura um minuto?
Esse pequeno detalhe é o resultado de um projeto cuidadosamente desenhado. Por trás de cada notificação, cada rolagem infinita e cada vídeo recomendado, há um cálculo: o da sua permanência.

 

Os algoritmos entenderam uma verdade incômoda — o tempo é o novo ouro, e a sua atenção é o ativo mais valioso da era digital. Cada curtida libera uma pequena dose de dopamina, o neurotransmissor do prazer, e essa sensação imediata é o combustível que mantém bilhões de pessoas conectadas — e dependentes.

 

A promessa inicial das redes sociais era nobre: aproximar pessoas, democratizar informações, dar voz a quem não tinha. Mas algo mudou no caminho. As plataformas deixaram de ser ferramentas e se tornaram ambientes de controle emocional.
Hoje, elas são projetadas para ativar compulsões e emoções específicas, induzindo medo, inveja, raiva ou desejo — porque sentimentos fortes geram engajamento, e engajamento gera lucro.

 

O problema é que, quanto mais tempo passamos dentro dessas plataformas, mais elas aprendem sobre nós. E, a partir disso, constroem uma realidade digital sob medida — confortável, previsível e, paradoxalmente, isolada. O mundo começa a parecer do tamanho da sua timeline.

 

O resultado psicológico é visível. Pesquisas recentes mostram um aumento expressivo de transtornos de ansiedade, depressão e distúrbios do sono relacionados ao uso intenso de redes sociais. A comparação constante, o medo de perder algo (o famoso FOMO), a necessidade de aprovação instantânea e a saturação de informações criam um estado permanente de alerta.

 

Algumas pessoas tentam escapar por meio das chamadas “desintoxicações digitais”, períodos voluntários de afastamento. Outros recorrem a terapias especializadas. No entanto, o vício não é um acidente: é uma consequência prevista. A arquitetura dessas plataformas foi desenhada para impedir a pausa.
O gesto de atualizar a página é, em si, um estímulo condicionado — a mesma lógica usada em máquinas caça-níqueis de cassinos.

 

A própria indústria começa a reconhecer o problema. Países como a Austrália e o Canadá já impuseram restrições de acesso a redes para menores de idade. O Instagram e o TikTok anunciaram medidas para reduzir o tempo de uso diário entre adolescentes. Mas nada disso atinge o cerne do problema: os algoritmos ainda são programados para lucrar com o desequilíbrio emocional.

 

Quando a inteligência artificial entra nesse circuito, o cenário se torna ainda mais delicado.
Agora, não são apenas vídeos ou fotos: são interações completas, personalizadas, e cada vez mais humanas. Chatbots e assistentes virtuais estão se tornando confidentes, terapeutas informais e até “amigos digitais” — o que amplia o risco de isolamento e de confusão emocional.

 

A fronteira entre o real e o virtual está se dissolvendo. E a pergunta que resta é: quanto da nossa felicidade ainda é genuína, e quanto foi programada?

 

Convite para o próximo artigo:

No próximo capítulo da série “O Lado Sombrio dos Algoritmos”, vamos revelar como a Inteligência Artificial está aprendendo a manipular emoções humanas e o que isso significa para o futuro da nossa autonomia.

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