O algoritmo que decide quem você vê — e por que a maioria dos vídeos morre sem ser assistida

Publicado por: Feed News
18/12/2025 20:00:00
Exibições: 13
Visualização conceitual de um algoritmo determinando quais vídeos são exibidos — com base em interesse, engajamento e retenção, não em qualidade ou intenção
Visualização conceitual de um algoritmo determinando quais vídeos são exibidos — com base em interesse, engajamento e retenção, não em qualidade ou intenção

O que é um algoritmo, como ele funciona e por que ele determina o destino dos vídeos na internet

 

A palavra “algoritmo” aparece em todas as conversas sobre conteúdo digital — mas o que ela realmente significa?
E, mais importante: por que esse conceito abstrato pode ser fatal para a maior parte dos vídeos que você, eu ou qualquer criador posta em plataformas gratuitas como o YouTube?

 

O que é um algoritmo?

Em termos simples, um algoritmo é uma sequência de regras ou instruções que um sistema usa para tomar decisões automaticamente.


Ele não é uma pessoa, nem um juiz, nem alguém avaliando seu vídeo de forma subjetiva.
É uma fórmula — invisível ao usuário — que calcula, em milésimos de segundo, quem vê o quê, quando e por quanto tempo.

 

No contexto das plataformas de vídeo, o algoritmo decide:

  • quais vídeos aparecem na página inicial de cada usuário

  • o que entra nas recomendações

  • quais conteúdos escalam e quais são “esquecidos”

 

E tudo isso é feito com uma lógica interna que tem um único objetivo explícito: manter o usuário mais tempo possível na plataforma.

 

Então, quando o algoritmo “escolhe” um vídeo, ele não o faz por qualidade, significado, relevância social ou propósito de quem publicou. Ele faz isso com base em dados de comportamento — e em um modelo de negócio centrado em retenção, engajamento e monetização por anúncio.

 

Como o algoritmo funciona “na prática”

A lógica algorítmica pode ser descrita assim:

  1. O sistema observa o comportamento dos usuários

  2. Ele aprende padrões de interesse e engajamento

  3. Cada novo vídeo é avaliado com base nesses padrões

  4. O algoritmo decide se ele deve ser mostrado mais ou menos para outras pessoas

Isso significa que:
se um vídeo não gerar engajamento rapidamente, o sistema reduz sua entrega.
Isso não é censura — é indiferença matemática.

A consequência desse modelo é que, mesmo que o vídeo seja valioso, informativo ou emocionante, ele pode simplesmente desaparecer da experiência do usuário, como se nunca tivesse sido publicado.

 

Por que isso é fatal para muitos criadores

As plataformas que usam algoritmos para distribuir conteúdo — como o YouTube — não operam em um sistema aberto ou democrático. Elas funcionam como mercados controlados, onde:

  • quem já tem audiência recebe mais audiência

  • quem não performa rápido é rapidamente esquecido

  • o modelo recompensa retenção acima de tudo

E com a crescente presença de vídeos gerados por inteligência artificial, repostagens automatizadas e produção em massa, essa lógica ficou ainda mais competitiva.


O resultado é que o algoritmo se transforma em um mecanismo de seleção brutal — nem sempre por mérito, muitas vezes por números puros e simples.

 

O exemplo prático: Astronaut.io

Quer ver com seus próprios olhos como essa invisibilidade funciona na prática?
O site Astronaut.io é uma ferramenta que mostra vídeos aleatórios do YouTube que têm menos de cinco visualizações, sem curtidas e sem comentários.

 

A cada poucos segundos, ele abre um novo vídeo — que muitas vezes nunca foi visto por uma pessoa de verdade.

 

O que isso revela é simples e perturbador:
Há uma quantidade gigantesca de vídeos publicados que nunca alcançam audiência real.
Não porque sejam ruins…
Mas porque nunca recebem a chance de circular.

Esses vídeos existem, mas são praticamente invisíveis no ecossistema digital padrão — mesmo quando foram feitos com cuidado, intenção e esforço.

 

O mito da “democracia de visibilidade”

Desde o início da era digital, ouvimos que a internet era uma janela aberta a todos.
Você cria. Você publica. O mundo vê.

 

Hoje sabemos que não funciona assim na prática.

 

O algoritmo não distribui visibilidade —
ele escolhe vencedores, com base em critérios que muitas vezes não favorecem quem está começando, quem fala de nichos ou quem não tem grande estrutura para gerar engajamento imediato.

 

Isso faz com que:

  • muitos conteúdos relevantes nunca cheguem a públicos que poderiam se interessar

  • criadores desperdicem tempo e energia sem retorno perceptível

  • narrativas importantes sejam engolidas pela massa de material invisível

 

O preço da “gratuidade”

Plataformas gratuitas têm um custo escondido:
➡ você paga com atenção
➡ você paga com seu tempo de tela
➡ você paga com seus dados

O algoritmo é a fórmula que transforma esse pagamento em lucro para a plataforma — e muitas vezes em silêncio para o criador.

 

O que isso nos diz sobre o modelo atual

A lógica algorítmica tornou a visibilidade um privilégio, não um direito.
E hoje, em 2025, com volumes de conteúdo que crescem exponencialmente, essa “seleção natural” deixou de ser lenta — ela é instantânea.

 

Para muitos criadores, isso significa:
✔ produzir sem ser visto
✔ continuar sem retorno
✔ competir com máquinas e massificação
✔ ser reduzido a estatísticas de 41 views, sem comentário e sem curtida

 

O ponto de virada: entender para transformar

Explicar o algoritmo não é apenas educativo —
é libertador.

Quando o criador entende que:
o problema não está no conteúdo
e cada vídeo não é uma promessa de audiência
mas sim uma entrada em um sistema que privilegia números…

… ele começa a pensar em alternativas reais.

Não para abandonar o YouTube, mas para olhar para modelos que não dependem exclusivamente da lógica opaca do algoritmo.

 

No próximo conteúdo, vamos revelar por que a monetização digital favorece os grandes, sufoca os pequenos criadores — e como novos modelos estão redesenhando esse jogo de forma silenciosa, porém definitiva.

Vídeos da notícia

Imagens da notícia