Meta na mira da Justiça: aquisições de Instagram e WhatsApp podem ser desfeitas por monopólio
A Meta Corporation está no centro de um dos maiores embates jurídicos da era digital. A Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) reabriu um processo antitruste que poderá forçar a gigante da tecnologia a vender o Instagram e o WhatsApp, adquiridos em 2012 e 2014, respectivamente. A acusação central: a formação de um monopólio ilegal nas redes sociais.
Segundo a FTC, as aquisições estratégicas tiveram como objetivo direto eliminar concorrentes emergentes, protegendo a posição dominante do Facebook no mercado de plataformas de comunicação pessoal. O processo foi originalmente apresentado em 2020, durante o primeiro mandato do então presidente Donald Trump. A Reuters escreve sobre isso aqui.
A diretora de assuntos jurídicos da Meta, Jennifer Newsted, classificou o caso como “fraco” e “dissuasor para investimentos em tecnologia”. Em seu blog, ela criticou duramente o governo:
“É um absurdo que a FTC esteja tentando desmembrar uma grande empresa americana ao mesmo tempo em que tenta salvar o TikTok chinês”, escreveu.
A relação entre a Meta e o ex-presidente Trump também entrou no radar: após a eleição, a empresa relaxou políticas de moderação de conteúdo, alinhando-se com críticas republicanas sobre “censura” e, segundo fontes, chegou a doar US$ 1 milhão para a posse presidencial. O CEO Mark Zuckerberg teria feito várias visitas recentes à Casa Branca e deve testemunhar no julgamento, especialmente sobre e-mails comprometedores nos quais menciona interesse em comprar o Instagram para neutralizar a concorrência e expressa preocupação com a ascensão do WhatsApp.
Em sua defesa, a Meta sustenta que as compras foram benéficas aos usuários e que o mercado atual é muito mais competitivo, citando plataformas como TikTok (ByteDance), YouTube (Google) e o iMessage (Apple) como exemplos de concorrência direta. No entanto, a FTC discorda, argumentando que Snapchat e MeWe são os únicos concorrentes relevantes nos EUA, enquanto serviços como X (antigo Twitter), Reddit e YouTube teriam foco distinto, voltado à distribuição de conteúdo a desconhecidos, e não à comunicação pessoal.
O julgamento decisivo está marcado para julho de 2025. Caso a FTC vença, será necessário provar que desmembrar a Meta – separando o Instagram e o WhatsApp – trará restauração real à concorrência no setor. Essa segunda fase promete debates intensos sobre os limites da atuação governamental sobre as Big Techs e o futuro do ecossistema digital global.